𖤐★⁺ ⊹˙★⁺ Luana Hymans⁺ ★ ⊹˙★𖤐
ENGRAMA
Portifólio 2025
Engrama é uma série de pinturas feitas em técnica mista de acrílica e óleo que analisa as interações entre memória, identidade, esquecimento e percepção da realidade. Ao rejeitar a noção de memória como um mero registro do passado, a série propõe compreendê-la como um fenômeno cognitivo e existencial em transformação, e sua plasticidade desempenha um papel significativo na constituição do sujeito, por natureza mutável e performativa.
No cerne desta análise está o conceito de repertório desenvolvido pela Diana Taylor, que se contrapõe ao arquivo convencional. Enquanto o arquivo é caracterizado pela sua fixidez, o repertório emerge como práticas dinâmicas, continuamente recriadas e ressignificadas pelo sujeito. Assim, as pinturas de Engrama atuam como loci de reinterpretação contínua, em que vivências são revistas para se adaptarem às exigências contemporâneas.
A memória, então, é reinterpretada como uma construção pragmática e adaptativa, oferecendo ferramentas essenciais para a existência no presente. O ato de rememorar fragmenta-se em uma narrativa flexível, garantindo a continuidade identitária frente às contingências. Esta perspectiva alinha-se a uma “epistemologia do esquecimento”, que abrange a inconstância da verdade na formação do sujeito.
Por outro lado, o esquecimento é percebido como um risco iminente de desintegração identitária. O temor de obliterar a continuidade do “eu” emerge como uma questão filosófica central, ameaçando sua resiliência. Este medo exprime a luta pela preservação da identidade em meio à transitoriedade, onde histórias e traumas inibem o pleno viver presente.
Nessa perspectiva, a criação de novas memórias durante o processo artístico funciona como um esforço idiossincrático para resistir à paralisia da memória traumática e reposicionar o sujeito em sua narrativa pessoal, promovendo uma existência autêntica. A materialidade das pinturas, com uma paleta vibrante sujeitas a transformação e desgaste, espelha essa dinâmica: uma contínua reconfiguração entre o que é lembrado, o que é esquecido e o que é imaginado, surgindo dessas rupturas.
